domingo, 7 de outubro de 2007

Relacionamento: uma das nossas dificuldades diárias



Lendo os trabalhos de duas turmas do técnico de enfermagem sobre motivação no trabalho, surpreendi-me com alguns aspectos relatados por eles: algumas pessoas sem nenhuma motivação para exercer o seu trabalho diário, as dificuldades relacionais no trabalho e a falta de condições como aspectos desmotivadores nas categorias de auxiliar e técnico de enfermagem e enfermeiro.
Com certeza estamos vivendo dias muito difíceis,em que os profissionais passam por problemas de ordem pessoal de gravidade e complexidade variada, o que em determinados momentos pode influenciar profundamente na motivação e desempenho profissional. A vida moderna exige cada vez mais de nós e esquecemos que o estresse da vida profissional também está presente. Assumindo cargas adicionais de trabalho e não tendo horas de lazer e descanso em equivalência,o profissional corre o risco de além de desmotivar-se na vida e no trabalho, ter sinais de desgaste físico e depressão. Há que se manter um balanço diário de prioridades não só profissionais, mas também pessoais, para que o equilíbrio possa ser uma constante.
As dificuldades relacionais foram relatadas como um forte fator desmotivante no trabalho. Competição entre os profissionais, regras e políticas institucionais instáveis e extremamente inflexiveis e a falta de comunicação podem provocar ambientes de trabalho tensos e extremamente estressantes. Identificar conflitos e tentar evitá-los é uma das funções do enfermeiro como líder e para isso, é necessário desenvolver algumas habilidades específicas e preparo para lidar com a equipe sob sua responsabilidade. Há diversos cursos, livros e palestras nesta área das relações no trabalho. Há também pessoas que podem ajudar em momentos de crise de uma equipe,auxiliando na comunicação.
Ocorreu-me que nós estamos esquecendo que a enfermagem necessita desenvolver cada vez mais o trabalho em equipe, e que para isso, precisamos conhecer e valorizar as pessoas,trabalhar com suas deficiências e ouvi-las.
A falta de condições no trabalho também é assustadora,basta olhar os noticiários e verificar que as dimensões do desrespeito com o paciente tomaram proporções inimagináveis. É necessário porém refletir: até que ponto nós profissionais permitimos que a situação chegasse a este ponto?
Fechando os olhos, improvisando, esquecendo a necessidade de obedecer padrões mínimos de qualidade e assistência? Acho que temos sido de certa forma omissos em tomar certas posições em defesa da saúde das pessoas e da nossa própria ao aceitarmos resignadamente algumas condições de trabalho que são mínimamente medievais.
Pude discutir estes aspectos com os alunos e percebi que a visão deles vem amadurecendo também, ao refletir sobre as nossas próprias mazelas. Afinal, nós também podemos nos curar.

Um comentário:

Anônimo disse...

professora amei o seu blog